Mundo do Trabalho
Reimaginar a gestão das pessoas valorizando as competências

Por muitas décadas, as rotinas de trabalho nas grandes corporações se apoiaram no conceito de cargos.
Era o nome do posto que definia as tarefas de cada colaborador individualmente e, num sentido mais amplo, delineava a estrutura e a hierarquia de uma organização.
Essa visão, no entanto, vem se mostrando pouco efetiva no atual mundo sem fronteiras. Entra em cena então uma abordagem baseada em competências.
Segundo a pesquisa Tendências Globais de Capital Humano 2023, da Deloitte, deixar de focar em cargos é muito importante para o sucesso da organização.
O levantamento aponta para tendências de profundas transformações pelas quais passa a gestão da força de trabalho, incluindo os impactos da tecnologia no desenvolvimento das equipes, o futuro do local de trabalho, o poder de influência dos empregados no rumo das decisões corporativas – e, em especial, a possível extinção dos cargos no futuro.
Entre os participantes, 93% declaram que deixar de focar em cargos é importante ou muito importante para o sucesso da organização. Apenas 19% dos executivos e 23% dos trabalhadores consideram que o trabalho é mais bem estruturado por meio de empregos nos moldes tradicionais. Ao mesmo tempo, apenas 20% acreditam que as organizações onde atuam está pronta para enfrentar o desafio.
Entre todas as tendências identificadas no estudo, realizado com mais de 10 mil profissionais de 105 países (sendo 234 respondentes do Brasil), essa é a que aponta a maior lacuna de prontidão.
Novos fundamentos
O cenário retratado pela pesquisa é marcado por profundas transformações nas regras que se aplicam ao trabalho e estão relacionadas a novas formas como as empresas operam. A maioria dos executivos de alto escalão e membros de conselhos concordam que é preciso definir novos fundamentos para o mundo corporativo e 87% entendem que encontrar o melhor modelo para os colaboradores desenvolverem suas atividades é crucial para o sucesso da organização – mas apenas 24% entendem que as corporações onde atuam estão preparadas para lidar com este desafio.
Entre os entrevistados, 59% pretendem priorizar o redesenho dos modelos de operacionalização da força de trabalho. E mais da metade (53%) considera que podem se beneficiar da tecnologia – mais especificamente do uso da inteligência artificial (IA) – para coletar dados sobre as habilidades dos profissionais. No entanto, somente 22% consideram que a empresa onde atuam está preparada para utilizar novas ferramentas para aperfeiçoar melhorar o desempenho.
Por outro lado, os entrevistados apontam que colocar em prática mudanças tão profundas representa um desafio. Em primeiro lugar, porque o modelo antigo de trabalho deixou práticas arraigadas. Além disso, metade dos participantes aponta que os líderes de suas organizações têm dificuldades para identificar o que priorizar, porque estão sobrecarregados pelo número, pela velocidade e pela frequência das mudanças em curso.
Mundo sem fronteiras
Além de reimaginar o ambiente corporativo, instaurando estruturas que não se apoiem mais em cargos, é fundamental reimaginar também o local de trabalho. Os entrevistados apontam que o maior envolvimento com a atividade profissional e o bem-estar do trabalhador estão entre os benefícios mais significativos de uma futura abordagem de local de trabalho.
Em resumo, no novo mundo sem fronteiras, o trabalho não é mais definido por empregos, o local de trabalho não é um lugar específico, muitos dos empregados mais importantes não são funcionários tradicionais e a liderança não é determinada pelo organograma.
Veja a íntegra da pesquisa da Delloite nesse link.